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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Ilustração


                                 Buraco no Caminho

Na década dos anos sessentas, quando garotos, moráva­mos numa vila, numa cidade do interior paulista. Com outras crianças, brincávamos em um cafezal e, às vezes, um grupo aproveitava para "visitar" um pomar e "roubar" laranjas para chupar. Só na minha casa éramos em 10 meninos e 2 meninas. Não éramos cristãos. Meus pais eram católicos romanos — como todos —, e um pouco espíritas — como a maioria. Não obstante a rigidez de meus pais, escapávamos para as peraltices. Eu tinha muito medo do perigo dos cachorros da fazenda e do guarda do pomar, além de meu pai, que não deixava pas­sar nada. Mesmo assim, acabei indo uma vez ao pomar.
O dono era o "seu" Augusto Roldão, um espanhol já ido­so, que fazia a molecada tremer só de vê-lo em seu carro apro­ximando-se da entrada do cafezal que se ligava ao pomar. Até mesmo brincar de pique-e-salva no pomar era perigoso. O ve­lho era ranzinza. Pelo menos era o que pensávamos dele.
No cafezal e no pomar, havia um guarda igualmente ranzinza que andava com um pequeno podão — uma peque­na foice — e tinha fama de malvado. Um dia, o guarda adentrou a rua B, paralela ao cafezal, correndo atrás de uma molecada que havia roubado laranjas.
Meu irmão Gerô, que hoje é pastor, estava em casa, mas quando ouviu o burburinho, saiu correndo atrás, a exemplo de outros garotos. O homem parou em frente a uma casa, e insistia com os moradores dizendo que um de seus filhos tam­bém estava com os "ladrões". Na verdade, um dos "gatunos" tinha pulado o muro daquela casa para fugir do velho, embora não morasse ali. Como meu irmão sabia que o Darli, filho do casal, não estava entre os peraltas do dia, aproximou-se e con­firmou o que aquela mãe dizia, sem conseguir convencer o ve­lho de que o Darli realmente não havia participado da façanha.
Quando o velho ouviu meu irmão falar, replicou:
—Ah! Então você estava junto também! — e passou a per­segui-lo de podão em punho.
No corre-corre, o guarda rodou o podão para acertar-lhe o pescoço, justamente quando Gerô pisou em um buraco. O tro­peço foi o bastante para salvar-lhe o pescoço. O espaço da que­da de seu corpo no buraco foi o suficiente para que o podão roçasse pouco acima de seus cabelos. Aquele buraco salvou-lhe a vida.
£ sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto (Rm 8.28).

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